domingo, 11 de julho de 2010

Primeira semana em Luanda


Completei minha primeira semana em solo africano. Nenhuma grande surpresa já que há sete meses converso com amigos que aqui vivem, pesquisei muitos blogs, sites de organismos oficiais e outros. Algumas diferenças de lógica da população, entretanto, são interessantes e só podem ser percebidos por quem aqui vive. Muitos locais, em especial os que têm menos convívio com brasileiros, ao ouvirem nosso coloquial “bom dia!” respondem, “obrigado!”. No sábado, fui cedo ao restaurante do hotel e perguntei até que horas ficaria aberto para o café. Dez horas, responderam-me. Alonguei, caminhei, corri, cheguei quinze para as dez e fui ao restaurante. Fechado. Reclamei na recepção. - Vais lá e fala com a pessoa. Fui. - Está fechado, respondeu o garçom. - Mas como, me disseram que fechava às dez e ainda faltam quinze minutos. - Queres tomar café, podes sentar. - Quero é entender como funciona para saber o que fazer das próximas vezes, quer dizer que se antes das dez não tiver cliente fecha? O garçom já com um prato cheio de frutas para mim, foi logo dizendo - aqui ninguém sai sem tomar seu café, queres mais alguma coisa? Achei melhor comer ao invés de discutir, e fui muitíssimo bem atendido. O linguajar coloquial também guarda algumas surpresas. Por exemplo: “segues aquela carrinha azul, depois da rotunda sobes a ponte e fazes uma bolacha à direita” significa “siga aquela camionete azul, depois da rótula suba o viaduto e dobre à direita”. Ainda no sábado aceitei o convite de amigos para ir ao Jumbo, grande hipermercado com maior variedade e menor preço, segundo eles. Fila grande demais, resolveram ir a um atacadista de bebidas próximo. Depois de tentativas e erros, chegamos numa rua estreita, sem pavimentação, muito lixo, sem vaga para estacionar (foto superior). Finalmente conseguimos uma. O lugar era o maior muquifo, parecendo boteco de terceira em periferia perigosa no Brasil. Quando entrei, entretanto, fiquei pasmo. Apesar de não ter ar condicionado, gôndola, carrinho, empregado fardado e nem qualquer conforto, tinha bebidas de todas as nacionalidades, tipos marcas e com preço pelo menos do uísque 12 anos, equivalente à metade do que se vê no Brasil (trinta e sete reais). Para concluir, o cacimbo nos brinda com um belo (e típico) por do sol cinzento no fim de tarde do domingo.

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