segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Do Lubango ao Namibe, passando pela Serra da Leba e Deserto de Moçâmedes II


A Serra da Leba é algo que não se traduz em palavras, tem que ser vivenciado. Parece uma daquelas paisagens que a gente vê no cinema e fica pensando se é real ou efeito de computação gráfica. O eterno Cacimbo que mantém o céu permanentemente enevoado torna a vista meio difusa, aumentando o fascínio da paisagem. Antes do descida propriamente dita, existe um mirante à esquerda, um paredão com centenas de metros suspenso no nada do qual se vê a estrada que serpenteia pela serra até onde as nuvens (sim, nuvens) bem lá embaixo, deixam o olhar ir, como se pode observar nas duas fotos abaixo.
Deste mirante se vê uma queda d´água à direita, meio escondida entre dois despenhadeiros verticais, que formam um “V”. A estrada que passa pela serra foi construída por uma arquiteta portuguesa sobre um caminho antigo que era usado pelos habitantes que viajavam entre o Namibe e Lubango, pelo alto dos picos.


Desta forma. Ou se tem um despenhadeiro de cada lado da estrada ou um despenhadeiro de um lado e um paredão rochoso do outro.

Reza a lenda, segundo me contou o companheiro angolano e guia Ivo que depois de ver tantas empresas falirem durante a construção da estrada e tantas pessoas morrerem, ela teria se suicidado. A pista não deve ter nenhum trecho com mais de cem metros em linha reta. Para atenuar a descida, a cada pequeno trecho, uma curva. Desta forma, os aproximadamente 2000 metros de altura entre a parte alta e a baixa são vencidos por uma estrada de 23 quilômetros, ou seja, cada quilômetro de estrada corresponde a menos de 100 metros de altura, motivo que explica o enorme número de curvas para reduzir o aclive, algumas com proteção, como a da foto acima, muitas apenas com a fé do viajante para evitar a queda em caso de derrapagem. Depois de quase uma hora de descida com curvas o tempo todo, a paisagem começa a mudar, o terreno fica mais plano e pedregoso, com plantas mais ralas e rasteiras. É que estamos nos aproximando do deserto.


Abaixo, mais algumas paisagens da serra.




Ao lado pode-se ver um tremendo paredão que desce vertical, tão alto que não dá para enquadrar completamente na distância em que nos encontramos. Mas é impressionante, parece que pegaram um serrote gigante e cortaram um pedaço do morro através do granito. Cabe salienar que este trecho é formado naturalmente pela erosão, e não escavado para construir a estrada.




Exemplo de um dos inúmeros trechos em que os veículos ficam espremidos entre um muro natural, neste caso com uma estrutura de concreto suportando a faixa de estrada logo acima, e o precipício do outro lado, neste caso, felizmente, com uma proteção (mas que só existe na parte baixa).

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